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Chá SilvRedux emagrece? Quais os riscos?

4 Dez 2023 - 10:17

Chá SilvRedux emagrece? Quais os riscos?

O chá SilvRedux é apresentado online como uma “infusão para perda de peso” e um “chá detox que auxilia na perda de peso e volume”. No site da marca, lê-se que este é um “chá detox para emagrecer”. Além disso, apresenta-se esta infusão como “antioxidante e diurética”. 

No mesmo site, lê-se que o criador do chá é formado em medicina integrativa (homeopatia, acupuntura e naturopatia) e promete-se que esta infusão vai fazer um “detox geral ao organismo”, ajudar na má circulação e sensação de inchaço, ajudar na perda de líquidos devido às “propriedades diuréticas de plantas” e ajudar a “modelar e reduzir o apetite”.

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Sem glúten, sem lactose, sem calorias e sem açúcar, 100g de SilvRedux custa 15,90€. Mas confirma-se que este chá emagrece?

É verdade que o chá SilvRedux é uma “infusão para perder peso” e “emagrecer”?

Em declarações ao Viral, a nutricionista Catarina Custódio começa por explicar que perda de peso “não significa necessariamente” emagrecimento.

Quando se fala em perda de peso, pode significar apenas “perda de líquidos ou massa magra”. Por outro lado, emagrecer significa “perda de gordura corporal”.

Neste sentido, o SilvRedux pode até levar a uma diminuição do peso porque “aumenta o número de evacuações”, explica a nutricionista. Isto devido às ervas com ação laxante, com potencial diurético, que podem levar a um “aumento da excreção renal de água e eletrólitos”.

Ou seja, com a ingestão de um chá com uma ação “laxante e diurética”, como o SilvRedux, as pessoas podem até verificar uma redução de peso, por perda de água. No entanto, completa a nutricionista, isso “não se traduz numa perda de gordura, se não houver um défice energético associado”.

Nesse sentido, Catarina Custódio refere que não existe evidência científica de que o chá SilvRedux ou qualquer outra infusão “leve à perda de massa gorda por si só”.

Quais os riscos da toma desta infusão?

A nutricionista consultada pelo Viral alerta que esta infusão deve ser ingerida com moderação. 

Isto porque alguns dos constituintes deste chá (como o sene) têm um “efeito laxante” e, por isso, devem ser consumidos por um “curto período de tempo”, sob o risco de poderem irritar a mucosa intestinal e alterar o padrão de motilidade do intestino.

“É muito comum o pensamento de que se algo é natural, podemos consumir sem problema, mas isso não é verdade. Como em quase tudo, é importante não exagerar nas quantidades consumidas. É também preciso ter em atenção casos em que a ingestão de determinadas substâncias é exagerada”, sustenta.

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O papel dos chás no emagrecimento

Ao beber chá vai aumentar a “ingestão hídrica”, especialmente importante no inverno, altura em que as pessoas têm “maior dificuldade em ingerir água”.

Assim sendo, indica a nutricionista, “bons níveis de hidratação são importantes para um adequado funcionamento do metabolismo”.

Por outro lado, a ingestão de chá “não terá problema”, se for em “quantidades adequadas e sem contraindicações” e se levar a pessoa a estar “mais motivada para hábitos alimentares saudáveis e aumentar a prática de exercício físico”.

Catarina Custódio admite, no entanto, que há “poucos estudos e muito pouco robustos” sobre o papel das ervas na perda de massa gorda.

Nos estudos disponíveis, as “doses não se assemelham às consumidas por humanos numa infusão”. 

Mesmo no caso do chá verde que “parece ter algum efeito” no aumento da taxa metabólica basal e na promoção da oxidação de gordura, os efeitos na perda de massa gorda são “muito modestos”, se não houver uma mudança de “comportamentos alimentares e da prática de atividade física”.

Emagrecer de forma saudável

Catarina Custódio aponta que, para emagrecer de forma saudável, é necessário uma “alimentação equilibrada”, com uma “restrição energética (de calorias) adequada”. Ou seja, a quantidade de energia (calorias) ingerida seja inferior à energia gasta.

Para emagrecer, deve-se “consumir menos energia do que necessita”. Além disso, para esse fim, indica o Serviço Nacional de Saúde (SNS) num texto informativo, é importante a “prática de atividade física adequada e a adoção de estilos de vida saudáveis”.

Se está acima do peso saudável, emagrecer pode começar com “pequenas mudanças” e traduz-se em “mais energia” e na redução do risco de obesidade, doenças cardíacas e diabetes tipo II, indica o National Health Service (NHS) do Reino Unido, equivalente ao Serviço Nacional de Saúde em Portugal.

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O NHS recomenda “150 minutos por semana” de exercício físico, a leitura de rótulos dos alimentos, de modo a escolher os mais saudáveis, e a troca de “bebidas açucaradas por água”.

Por outro lado, aponta Catarina Custódio, o consumo de alimentos ricos em “vitaminas, minerais, antioxidantes e fibra” – como frutas, hortícolas, cereais integrais e laticínios magros – deve ser “privilegiado”. É importante também evitar produtos “processados, ricos em gorduras e açúcar”

A redução de alimentos “ricos em açúcar e gordura” é também apontada pelo NHS, que acrescenta no mesmo texto informativo, que as pessoas não devem emagrecer “de repente”.

O aumento de alimentos processados e a mudança de estilos de vida levaram a alterações nos padrões alimentares, diz a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

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À semelhança de Catarina Custódio, também a OPAS realça a importância do consumo de frutas, verduras, legumes e cereais integrais.

Em Portugal, os “hábitos alimentares inadequados são o terceiro principal fator de risco para a perda de anos de vida saudável”, refere a Direção-Geral da Saúde. Se os portugueses melhorassem a alimentação, poderiam ser poupados cerca de “300 mil anos de vida saudável”.

O Serviço Nacional de Saúde refere que uma alimentação saudável tem de ser “completa, variada e equilibrada”, de forma a proporcionar a “energia adequada e o bem-estar físico ao longo do dia”.

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4 Dez 2023 - 10:17

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